domingo, 23 de maio de 2010

Criticando Belluzzo: É para tanto?

Luiz Gonzaga Belluzzo, economista, natural de Bariri/SP, 67 anos, atual presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras e membro do clube simplesmente desde 1955.

Belluzzo assumiu o clube no começo de 2009 e pensou alto desde então. Manteve o técnico Luxemburgo, deu respaldo ao técnico para novas contratações e acertou a vinda de Keirrison, revelação e super valorizado atleta vindo do Coritiba, além de Armero da seleção Colombiana, Edmílson, penta campeão em 2002 pela seleção Brasileira, entre outras coisas.

O Palmeiras fez primeiros quatro meses ótimos em 2009. Liderou de cabo a rabo o Paulistão na fase da liga, mas se perdeu contra o Santos na semi-final. Depois disso, as críticas vindas de instituições que não citarei vieram de toda parte, mas não a ele. As críticas se concentravam em Keirrison, chamado de 'pipokeirrison' pelos torcedores maldosos.

Passado o episódio, o Palmeiras foi eliminado da Libertadores da América pela mediano Nacional do Uruguai ainda nas quartas de final, e a crise soou, mesmo que não muito alto no começo. Luxemburgo permaneceu no cargo até uma confusão com o mesmo Keirrison o tirar do cargo. Luxa mandou petardos em forma de palavras e críticas forte a Belluzzo, que fez apenas o que deveria fazer - Demitir um técnico que deixava o clima pesado na equipe, além de ter perdido dos títulos de forma bizonha em um período curto de tempo.

Belluzzo então, deixou por algumas rodadas o técnico interino Jorginho no cargo, e esse fez sucesso - Saiu sem perder, sendo marcante a goleada por 3x0 sobre o Corinthians, com tentos marcados por Obina. Nessas alturas, o nome de Muricy Ramalho, técnico tri campeão brasileiro que outrora tinha seu nome rodando o Palestra Itália já tinha perdido força, até que de repente o anúncio feito pelo Twitter atravessou fronteiras, declarando portanto o cartola que o técnico iria assumir o time.

Muricy não fez o que todos esperavam. Começou relativamente bem, mas num curto período de tempo viu o time se erguer com a chegada de Vágner Love e Robert, além da manutenção de grandes jogadores como Pierre, Cleiton Xavier e Diego Souza, na ocasião.

Mas nada é para sempre. O time comandado por Muricy abusava de jogadas aéreas, e os jogos do time estavam desastrosos. Obina e Maurício saíram no tapa e foram demitidos, deixando o plantel com menos opções. Cleiton Xavier e Pierre se machucaram na reta final do torneio, e Diego Souza caiu bruscamente de rendimento desde que voltou de um jogo pela seleção Brasileira e La Paz.

Resultado final: título nacional praticamente ganho jogado no lixo, e nem a vaga para a Libertadores assegurada. Fracasso.

Belluzzo entra 2010 com o time enfraquecido. Contrata bons jogadores como Márcio Araújo para a sequência do trabalho. Uma goleada por 5x1 sobre o Mogi Mirim na abertura do Paulista maqueia o que seria uma campanha lamentável. 11° lugar ao final da competição, já sem Muricy, e com Antônio Carlos contratado para o cargo.

Começa o Brasileirão, e o time não parece mostrar muita reação. Em duas rodadas, 4 pontos. Nada mal, se não tivéssemos visto as fracas partidas do time. O jogo contra o Vasco em São Januário era pior que uma partida da A3 paulista. Passes errados, poucas finalizações, trombadas ridículas... Pra completar, Robert e Zago teriam 'chegado as vias de fato' (Fato negado por ambos) durante a volta para São Paulo depois do jogo.

Mais um técnico assume, dessa vez Jorge Parraga, auxiliar técnico e comandante da boa campanha do Palmeiras 'B' nas divisões de acesso do Paulistão. Começa bem, com um sonoro 4x2 num Palestra Itália rumo a uma reforma de dois anos, contra o bom time do Grêmio. Boa despedida.

Agora no presente, cria-se um dilema parecido com o que aconteceu com Jorginho. Se Parraga for bem, é preciso um novo técnico? O penino na cabeça de Belluzzo hoje é bem pior que Muricy. Trata-se de Felipão, sonho da diretoria.

A Copa do mundo se aproxima, e Belluzzo terá um período bom para contratar reforços bons para a sequência do Brasileirão, e caberá ao então técnico montar uma boa equipe com o que tiver em mãos. Fala-se em Valdívia, Ronaldinho, Riquleme... Mas o mais provável seria mesmo um ponto de interrogação quanto as novas caras.

Vendo tudo isso, fica o questionamento: Será que Belluzzo merece mesmo todas essas críticas vindo de parte da imprensa e parte da torcida? Apesar do fracasso, a verdade tem de ser dita. Belluzzo trouxe jogadores em nível de seleção em sua gestão, como Edmílson e Vágner Love. Trouxe um técnico gabaritado como Muricy Ramalho. Manteve xodós da torcida no elenco como Pierre e Cleiton Xavier. Isso é ruim, por acaso?

Belluzzo teve é muito azar. Apesar de alguns deslizes inegáveis como as críticas duríssimas a Carlos Eugênio Simon em 2009 (Mesmo que justas, um cartola não deve se expor dessa maneira), e alguns discursos de um puro torcedor, como em um dia pouco antes de um jogo contra o São Paulo, Belluzzo fez tudo o que podia. Manteve a base, trouxe peças que qualquer time gostaria de ter. Deixará em sua gestão o Palestra Itália um brinco, digno de um estádio europeu.

Influências de torcedores que se dizem do Palmeiras, porém vão no estádio para fazer tudo menos torcer, falam mais alto. Torcedores que fizeram Edmílson e Vágner Love irem para outros lados, com medo da violência, por exemplo.

Quem olha as coisas com um mínimo de sensibilidade sabe que este homem não é o único culpado por tudo que um time grande como o Palmeiras vem passando. A culpa é nossa, de todos nós, palmeirenses. Nós estragamos, portanto somos nós que devemos fazer esforços para trazer de volta anos gloriosos para um clube tão amado.