sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O Ph.D em série B do Bragantino

Como um time que atrapalhou muita gente grande no começo da década passada consegue cair tanto de produção no começo do século, e logo após se ergue novamente?

O Bragantino, finalista do Brasileirão, campeão paulista, revelador de grandes jogadores como Mauro Silva, e consagrador de técnicos, como Vanderlei Luxemburgo e Carlos Alberto Parreira, o time brincou de ser grande no começo da década de 1990, até ao fim de seus anos dourados, quando caiu para a série B do campeonato brasileiro, na época, um torneio em que ninguém sabia muita coisa. É notório o crescimento da série B, que antes era o fundo do poço para muitos clubes. Se não bastava a série B do brasileirão, o Massa Bruta caiu para as divisões de acesso do paulistão também, até se tornar mais um desconhecido no cenário paulista.

O time se viu entrando no cenário nacional novamente quando Marquinho Chedid, filho do mítico Nabi Abi Chedid, assumiu o clube, acertou as finanças e organizando bons times. Isso fez com que o clube novamente subisse para a A1 do paulistão, e logo em seguida ser um dos semifinalistas, revelando bons atletas para a cenário nacional depois de alguma rodagem, como Felipe, Zelão, Moradei, Dinélson, Davi, Bill, Valdir Papel, Somália, entre outros.

Bragantino x Santos, pela semifinal do Paulistão de 2007. Zelão, hoje atua no Saturn da Rússia, depois de uma passagem pelo Corinthians, onde foi rebaixado para a série B.

Time de Bragança Pta., o Braga, ou Massa Bruta, como é chamado, dá muita dor de cabeça até hoje para muitos times na série B que almejam uma vaga para a série A do ano que vem.

Mas se ele complica tantos times, e tem uma certa tradição no cenário nacional, porque não deslancha? Há algumas teses.

Uma delas é a falta de apoio da torcida local. O estádio, mesmo não ficando muito distante do centro da cidade, não chama muita gente para os jogos. Isso é explicado pela cidade não ficar muito distante da cidade de São Paulo, o que explica as grandes torcidas do São Paulo e do Palmeiras, e principalmente do Corinthians na cidade. A média de público não passa dos 1.000 torcedores por jogo, uma média muito abaixo de outros clubes da série B. Outra explicação para essa média é cabível para todas as outras equipes do interior do estado de SP. A verdade é que os clubes do interior paulista, apesar de muito bem estruturados, não atraem muitos torcedores porque suas cidades são compostas basicamente por torcedores do trio de ferro paulistano. Mesmo Barueri e Santo André que estão na série A do Brasileirão tem médias baixas de público. Até o São Caetano que no começo da década foi um dos melhores times do Brasil, se transformando num dos maiores fenômenos do futebol Brasileiro, não conseguia ter uma média de torcedores muito grande.

Bragantino x Corinthians, pela série B 2008. No detalhe, William e Dentinho do Corinthians; Nunes, Moradei (Hoje no Corinthians), e Gustavo pelo Bragantino, de laranja.

Outra tese para o Massa Bruta não deslanchar é exatamente o mandato de Marquinho Chedid. Apesar de ter reorganizado o clube, e ter colocado o Braga no cenário nacional novamente, a pretensão parece não ser muito grande. O negócio de Chedid é somente manter o clube na série B e na A1 do paulista, revelar bons jogadores como Léo Jaime neste ano, e depois vender para fora e lucrar com isso. O pensamento alto no Bragantino não é lá muito forte.

Mas todos estes impecilhos parecem não tirar o brilho do Massa Bruta. Marcelo Veiga, que é o técnico, se tornou o maior ídolo do time atualmente, contrapondo a tradição do futebol brasileiro, de perdeu, caiu. Apesar de algumas breves saídas de Veiga para Paulista, América RN, Portuguesa e Francana, ele vem numa constante no clube desde 2004.

Além disso, o clube costuma trazer para o time jogadores experientes, com muita rodagem pelo futebol nacional e internacional. Alguns jogadores do time atual são nada menos que Sérgio Manoel de 36 anos, Adãozinho, que inclusive é capitão do time, de 40, e Lúcio, que completa 35 anos.

Além deles, boas peças como Léo Jaime, oriundo do futebol cearense, Frontini, que apesar de argentino, rodou meio Brasil, e esteve no Santos de Robinho e Giovanni de 2005, e Gilvan, bom goleiro revelado pelo Palmeiras, fazem um time competitivo na série B.

Resta somente aos torcedores do Bragantino, sonhar um dia com um pensamento mais alto da diretoria.